Certo dia colocaram vinho, este divino suco da uva, dentro de uma magnífica taça de ouro que estava a mesa de Maomé.
- Oh, que honra! - pensou o vinho - que glória para mim estar à mesa de Maomé!
Porém, subitamente ocorreu-lhe outro pensamento e ele disse consigo mesmo:
- Mas que honra é essa, e que glória? Por que estou tão satisfeito? Nada disso é verdade. Escute, chegou a hora de minha morte. Dentro em breve deixarei minha linda casa, esta magnífica taça de ouro, para entrar na escura caverna do corpo humano.
E uma vez lá dentro, meu suco doce e perfumado será transformado em água.
Oh, céus! - gritou desesperado - façam justiça, vinguem-me por tal ofensa! Não é justo que me desprezem assim! Júpiter, pai Júpiter - orou o vinho - mesmo que esta terra produza as melhores e mais lindas uvas do mundo, fazei com que elas não se transformem em vinho!
Júpiter ouviu a prece do vinho e decidiu atendê-la.
Quando Maomé terminou de beber o conteúdo da taça de ouro, Júpiter fez com que todos os vapores do vinho lhe subissem à cabeça e ele ficou embriagado. E enquanto estava sob o efeito do vinho, Maomé comportou-se como um louco, fazendo bobagens uma atrás da outra. Quando finalmente ficou novamente sóbrio, baixou uma lei proibindo a seus seguidores que tomassem vinho.
Desse dia em diante, a vinha, com suas gostosas frutas, foi deixada em paz.
Leonardo da Vinci
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