Esopo

possível imagem
Fabulista grego (?, 620 a.C.) Esopo permanece mais como personagem legendária que histórica. Ignora-se o lugar de seu nascimento; alguns dizem ter sido Samos ou Sardes, enquanto Aristófanes o supôs filho de Atenas.
A versão mais corrente, apesar de não oferecer mais segurança que as outras, é a de que ele tenha nascido na Frígia. Diz-se que foi comprado e vendido muitas vezes, talvez devido à sua estranha aparência. Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios muito grossos com a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem crer que ele sofria de um defeito na fala, o que devia incomodá-lo quando contava estórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as suas fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas.
Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil as pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples.
Depois de conhecer vários mestres, como Demarco em Atenas, Esopo, que era escravo, foi libertado por Jadmo de Samos.
Livre, começou a viajar. Foi para o Egito, visitou a Babilônia, a Ásia Menor, e passou alguns anos na corte do Rei Creso, na Lídia. Enviado à Grécia por Creso, visitou Atenas, sob o domínio de Pisístrato, e escreveu a fábula "As Rãs em Busca de um Rei", onde incitava o povo a trocar de rei. Segundo Plutarco, ele assistiu nessa ocasião ao banquete dos Sete Sábios, em Corinto, dado pelo tirano Periandro. Foi em seguida para Delfos, onde deveria, conforme ordens de Creso, oferecer um grande sacrifício a Apolo e dar, a cada habitante da cidade, uma soma de dinheiro.
Foi o fato de Esopo julgar as pessoas que, dizem as lendas, acarretou sua morte.
Parece que foi condenado à morte depois de uma falsa acusação de sacrilégio, ou talvez porque os habitantes de Delfos, estivessem irritados com suas zombarias,  pois ele declarou que, de longe, Delfos  parecia "feita de um material pujante", mas de perto revelava-se "um monte de ervas daninhas e lixo". Seus comentários irritaram a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se enfureceram: agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu.
Ou ainda porque suspeitassem de que Esopo teria a intenção de ficar com o dinheiro que Creso lhes tinha destinado.
Aristóteles relatou, em 330 a.C., como Esopo defendeu um político corrupto ao contar a estória da raposa e o ouriço. Uma raposa - disse Esopo - estava sendo atormentada por pulgas e um ouriço perguntou se poderia ajudar a removê-las. A raposa respondeu: "Não, essas pulgas estão cheias e já não sugam tanto sangue. Se você tirá-las, novas e famintas pulgas virão". "Então, cavalheiros do júri" - Esopo teria dito - "se vocês condenarem meu cliente à morte, outros virão  que não são tão ricos e irão roubá-los completamente".
Nascida no Oriente, a fábula foi reinventada no Ocidente por Esopo. Reescrita em versos gregos pelo poeta Babrius, um romano helenizado, aperfeiçoada em versos em latim pelo poeta romano Fedro (séc. I d.C.), que a enriqueceu estilísticamente.  No séc. XVI, ela foi descoberta e reinventada por  Leonardo da Vinci  (mas sem grande repercussão fora da Itália e ignorada até bem pouco tempo).
Portanto, o que conhecemos hoje como sendo fábulas esopianas são, na verdade, adaptações feitas provavelmente por muito escritores.
Esopo não deixou nada escrito. As fábulas que lhe são atribuídas pela tradição foram recolhidas pela primeira vez por Demétrio de Falera, por volta de 325 a.C. É possível que com todas as lendas a respeito de Esopo a verdade se tenha misturado com rumores, de modo que não se sabe com exatidão o que foi que ele escreveu ou não. Seja como for, seu nome e seus feitos transformaram-se em folclore, e o resultado disso foi que muitas fábulas, que talvez não tenham sido escritas por ele, à ele acabaram sendo atribuídas.
Alguns historiadores porém acreditam que Esopo era um pseudônimo usado por vários escritores, mas o certo mesmo é que estas estórias sobrevivem até os dias de hoje.
Pode até ser que não foi uma pessoa apenas que escreveu estas fábulas, mas sem dúvida todas têm o mesmo tipo de mensagem: "moral da estória", hoje em dia muito em falta.
Atribui-se a Esopo a autoria de 400 fábulas, que foram recontadas por diversos escritores através dos tempos. O filósofo grego Sócrates colocou algumas em verso, mas foi o francês Jean de La Fontaine (1621-1695) o grande responsável por sua popularização em nosso tempo.
Se a vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós, isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes atualmente. Pode ser que, em algum lugar, Esopo esteja tranqüilamente sorrindo consigo mesmo, ao ver que as pessoas não são, hoje, muito diferentes do que eram nos dias em que ele contava suas estórias, há dois mil anos.

0 comentários:

Postar um comentário