Uma cabra, um carneiro e um porco gordo,
Juntos num carro, iam à feira. Creio
Que todo meu leitor será de acordo
Que não davam por gosto esse passeio.
O porco ia em grandíssimo berreiro
Ensurdecendo a gente que passava;
E tanto um como outro companheiro
Daquela berraria se espantava.
Diz o carneiro ao porco: - Por que gritas,
Animal, inimigo da limpeza?
Por que, trombudo bruto, não imitas
Dos companheiros teus a sisudeza?
- Sisudos, dizes?!... Quer-me parecer
Que não têm a cabeça muito sã
Porque pensam que apenas vão perder,
A cabra o leite, o companheiro a lã.
Mas eu, que sirvo só para a lambança,
Envio um terno adeus ao meu chiqueiro...
Pois cuido que à goela já me avança
O agudo facalhão do salsicheiro!
Pensava sabiamente este cochino,
Mas pra que, pergunto eu? Se o mal é certo,
É surdo as nossas queixas o destino;
E o que menos prevê é o mais esperto.
O porco, a cabra e o carneiro
Jean de La Fontaine
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