Uma patinha estava ensaiando balé ao som de "O Lago dos Cisnes", quando sua colega de equipe a surpreendeu usando uma de suas sapatilhas preferidas...
- Quem lhe deu permissão para usar o que é meu? - perguntou a proprietária, autoritária.
Ninguém - respondeu humildemente a patinha, retirando as sapatilhas - eu só estava tentando sentir aquilo que você deve sentir quando está diante do público, sentindo o calor das luzes da ribalta...
- Quanta ingenuidade! - exclamou a outra patinha.
- Não pensei que você se zangasse...
Nisso, surgiu o patinho que contracenava com as duas; pondo, assim, fim às divergências.
- O que é meu, é meu. Tenho ciúmes, e pronto - dizia a patinha ofendida. E ficou a grasnar sozinha.
Todavia, o destino lhes havia reservado uma surpresa.
Depois dos ensaios, quando saíam do teatrinho improvisado à beira do lago, a renitente patinha sofreu um acidente, e torceu uma de suas patinhas.
- Ai, que dor! - grasnou a pobrezinha, contorcendo-se toda - ai!... sem que alguém lhe solicitasse, a patinha, que anteriormente era repreendida, foi ao socorro de sua colega, aplicando-lhe, imediatamente, algumas massagens no machucado, fazendo desaparecer aquelas dores horríveis; alegando que tinha feito um curso de enfermagem, e que aprendera a fazer uso de seus conhecimentos...
Foi assim que a outra patinha aprendeu uma grande lição: que todos nós vivemos em função um do outro; que de nada vale alimentarmos sentimentos contrários dos grandes sábios, pois o próximo que um deles se referiu, é todo aquele que vive ao nosso lado: rindo quando sorrimos, chorando quando choramos e sofrendo quando a dor nos visita, sabendo que, no final de tudo, o amor sempre é vitorioso.
Até pareceu-me que aquela patinha conhecia os ensinamentos de Jesus!
Nilson Mello
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