Da parte do rei dos brutos,
Que na cova enfermo estava,
A todos os seus vassalos
Um bando se proclamava.
Cada espécie era intimada
A mandar embaixadores,
Em visita a seu monarca,
Prostado em leito de dores.
Por um juramento escrito
Afiançara o leão
De os tratar e a comitiva
Co'a mais alta distinção.
Que belo salvo-conduto
Contra dentes afiados!
Em cumprimento do edito
Nomeiam-se os deputados.
Ficam na toca os raposos
E um deles diz o porquê:
- Vestígios de quantos entram
Na poeira impressos vê;
Não se enxerga em torno à cova
Um sinal só de regresso.
"Estamos (diz) surpreendidos
Por tão singular sucesso.
Queira Sua Majestade
Da visita dispensar-nos,
E em sua Excelsa Grandeza
As desculpas aceitar-nos.
Vejo, à fé do passaporte,
Muita gente entrar na cova.
Mas que dela alguém saísse
Não tenho a mínima prova."
O leão doente e o raposo
Jean de La Fontaine
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