Belinha não tinha lá muita noção de direção. Voava sem rumo, prá lá,
prá cá, prá cá, prá lá...
Ela, que entendia bem a linguagem da natureza, compreendia o que o rio
estava dizendo:
- Belinha, vem comigo! Vem que te levo mundo afora!
- Eu, não! - dizia ela.
E se não volto?
E se me perco?
E se minha asa quebra?
E se...
Eram tantos os "E se..." que dona Lava-pé, formiguinha mais sabida do
lugar, chamou Belinha para uma conversa.
- Belinha, presta atenção - dizia ela.
Belinha arregalava os olhinhos que nem piscavam!
- Você é uma borboleta! Tem asas é para voar - explicava a
formiguinha.
- De que adianta ter asas se não sei a direção?
Dona Coruja, que cochilava num galho, escutou a conversa e se
intrometeu:
- Voe em qualquer direção. Todas elas te levarão a um mundo novo.
- Não, não! Você tem é que comprar um radar último modelo como o meu!
- disse o morcego.
- Ou, quem sabe, uma bússola? - sugeria o leão.
- Nada disso! Voe para frente, sempre para frente - cantava o
Uirapuru.
A coruja coçou a cabeça, pensou e respondeu;
- Quer saber? O importante é voar. Voe para frente, para os lados,
para trás, mas voe!
Belinha fechou bem apertado os olhos. Respirou bem fundo para o medo
passar, e lá se foi...
Voou alto, muito alto, para frente, para os lados, para cima, para
baixo, perto, longe, bem longe, muito longe.
Descobriu novas montanhas,
brincou com os pássaros,
beijou outras flores,
conheceu novos amigos e descobriu que este negócio de direção é apenas
uma das opções da vida.
Para onde ir e até aonde chegar cada um escolhe.
Maria Aparecida Garcia Pincerati
Valéria,
ResponderExcluirboa noite!
Adorei o seu blog! Precisamos de mais fantasia em nossas vidas...
Gostaria de utilizar a fábula "Voar é preciso", porém não consegui localizar nas obras do Monteiro Lobato às quais tenho acesso... Ela pertence a ele mesmo ou é de sua autoria?!
Mais uma vez parabéns!
Atenciosamente, Janaina Vieira