Os caçadores falavam do unicórnio como uma misteriosa criatura.
- Será um animal ou um espírito? - perguntavam-se a si mesmos.
Na verdade, o estranho cavalinho com um chifre no meio da testa aparecia ora num lugar, ora em outro, porém jamais alguém conseguira apanhá-lo de surpresa.
- Feroz e estranho - disse um caçador - talvez seja um enviado do inferno, que está aqui para nos espionar.
- Não, é bonito demais para ser um mau espírito. Deve ser um anjo, retorquiu o outro.
Uma jovem, sentada ali perto, debaixo de uma árvore, fiando lã, ouviu em silêncio e sorriu. Conhecia bem o unicórnio, sabia tudo sobre ele.
Ele era seu amigo.
E de fato, quando os homens foram embora, o animal surgiu atrás de um arbusto e correu para junto da moça. Deitou-se a seu lado, apoiou o focinho em seu colo e olhou-a com expressão de amor.
Após o primeiro encontro, tornou-se tão manso quanto um animal doméstico, estendendo o focinho para dar um beijo.
Porém esse estranho amor foi sua ruína.
Os caçadores perceberam o que estava acontecendo e, um dia, sem que a moça soubesse, ficaram de tocaia e apanharam o inocente unicórnio.
Leonardo da Vinci
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