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A história de um iceberg

Certa vez, havia um pequeno iceberg no longínquo Norte, que se tornou descontente com a vida que levava. Ouvira as focas contarem das belezas do Sul, onde as espelhantes águas do oceano se enrugavam e brilhavam à luz do esplendente Sol.
Um dia, uma foca lhe disse:
- Pobre iceberg, jamais poderá ver o que contemplei. Nunca poderá saber realmente o que são aquela luz e aquela alegria.
O pequeno iceberg começou então a murmurar.
- Meu filho - disse um idoso e sábio iceberg que o ouvia - creia-me, o bom Deus, que nos criou, aqui nos pôs para um propósito sábio. Pode não ser o seu desejo revelar-nos isto; contudo, se estivermos contentes com as circunstâncias que nos dizem respeito, Ele nos tornará felizes.
Então o descontente bloco de gelo afinal teve êxito em libertar-se e rumou para o Sul. Mas o pequeno iceberg enfrentou problemas. Ele procurou voltar, mas quando os raios de Sol incidiram sobre ele, o pobre bloco suou mais e mais até por fim desaparecer no solitário oceano.

Autoria desconhecida 

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O velho sultão

Um pastor tinha um cão fiel chamado Sultão que ficara muito velho e havia perdido todos os dentes. Certo dia em que o pastor e sua esposa estavam juntos diante da casa, o pastor disse:
- Vou matar o velho Sultão amanhã de manhã, pois ele não me serve para mais nada.
Mas a mulher disse:
- Por favor, deixe a pobre criatura viver; ela nos serviu bem por muitos anos e devíamos garantir seus sustento pelo resto de seus dias.
- Mas o que podemos fazer com ele? - perguntou o pastor - não tem um único dente na boca e os ladrões nem ligam para ele; decerto nos serviu, mas ele o fazia para ganhar seu sustento; amanhã será seu último dia, conte com isso.
O pobre Sultão, que estava deitado por perto, ouviu a conversa toda do pastor com sua mulher e ficou muito apavorado pensando que o dia seguinte seria seu último dia de vida. Por isso, quando anoiteceu, foi procurar seu bom amigo, o lobo, que vivia no bosque, contou-lhe todas as suas aflições e como seu dono pretendia matá-lo pela manhã.
- Tenha calma - disse o lobo - vou dar-lhe um bom conselho. Seu dono, como sabe, sai muito cedo com a mulher para o campo e levam o filhinho com eles e o colocam à sombra, atrás da sebe, enquanto trabalham. Agora, você deve se deitar perto da criança e fingir que a está vigiando, e eu saio do bosque, pego a criança e fujo com ela: você corre atrás de mim o mais rápido que puder e eu a deixo cair; aí você a carrega de volta e eles pensarão que você salvou sua criança e ficarão tão agradecidos, que cuidarão de você enquanto viver.
O cachorro gostou muito do plano e tudo aconteceu conforme o planejado. O lobo fugiu com a criança por algum tempo; o pastor e a mulher gritaram; mas Sultão logo o alcançou e carregou a pobre coisinha de volta para seu dono e sua dona. O pastor deu tapinhas de agradecimento em sua cabeça e disse:
- O velho Sultão salvou nosso filho do lobo e portanto ele viverá, será bem cuidado e terá muita comida. Mulher, vá para casa, dê-lhe um bom jantar e entregue e ele meu velho travesseiro para ele dormir enquanto viver.
Assim, desta época em diante, Sultão teve tudo que poderia desejar.
Algum tempo depois o lobo veio, cumprimentou-o e disse:
- Agora, meu bom amigo, você não deve criar caso e sim virar a cabeça para o outro lado quando eu quiser provar uma boa e gorda ovelha do velho pastor.
- Não! - disse Sultão - serei fiel ao meu dono.
O lobo, porém, pensou que ele estava brincando e veio certa noite apanhar sua iguaria. Mas Sultão havia contado ao dono o que o lobo pretendia fazer, por isso este estava à sua espera por trás da porta do celeiro, e enquanto o lobo se ocupava procurando uma boa e gorda ovelha, recebeu uma enérgica porretada no lombo que penteou lindamente seus pêlos.
O lobo ficou muito furioso, chamando Sultão de "velho tratante" e jurou que faria vingança. Assim, na manhã seguinte, o lobo enviou o javali para desafiar Sultão a vir até o bosque para resolverem a questão numa luta.
Ora, Sultão não tinha a quem pedir que fosse seu acompanhante a não ser a gata de três pernas do pastor, por isso levou-a consigo e, enquanto a pobre criatura avançava coxeando com alguma dificuldade, sua cauda ficava bem ereta no ar.
O lobo e o javali chegaram primeiro no terreno e, quando espiaram a chegada de seus inimigos e viram a longa cauda da gata erguida bem para cima no ar, pensaram que ela estava carregando uma espada para Sultão lutar; e toda vez que ela coxeava, pensavam que estava apanhando uma pedra para atirar neles; disseram então, que não lhes agradaria lutar daquela maneira e o javali se deitou embaixo de um arbusto, enquanto o lobo saltou para cima de uma árvore.
Sultão e a gata chegaram logo em seguida, olharam ao redor e ficaram cismando por que não havia ninguém por ali.
O javali, porém, não se ocultara completamente deixando as orelhas espetadas para fora do arbusto e quando ele abanou levemente uma delas, a gata, vendo alguma coisa se mexer e pensando que era um camundongo, saltou sobre ele, mordeu e arranhou, fazendo o javali saltar, grunhir e fugir urrando.
- Olhe lá na árvore, ali está o culpado.
Eles olharam para cima e viram o lobo sentado entre os galhos e o chamaram de canalha covarde. Não permitiram que ele descesse até ficar sinceramente envergonhado de si mesmo e prometer que seria novamente um bom amigo do velho Sultão. 

Irmãos Grimm
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O urubu, o coelhinho e a raposa

Um urubu está pousado numa árvore não fazendo nada o dia todo.
Um coelhinho viu o urubu e perguntou:
- Posso sentar como você e ficar fazendo nada o dia todo?
O urubu respondeu:
- Claro, por que não?
Assim, o coelhinho sentou-se embaixo da árvore e ficou descansando.
Subitamente apareceu uma raposa que saltou sobre o coelho e o comeu.


Moral da Estória:

Para ficar sentado sem fazer nada, você precisa estar sentado muito, muito alto.

Autoria desconhecida 

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O tesouro da casaca

O besouro Hortêncio abriu as asas na roseira e improvisou uma canção que falava do vaso rosado que caiu da mesa no dia do casamento de Isa Borboleta.
Nisso, chega o pardal Riso.
- Eu conheço essa história. O culpado foi o grilo Narciso que cantou desafinado. O urso Sinésio ficou nervoso, deu uma bufada e derrubou o vaso. Quem não gostou foi a girafa Maísa, porque o vaso era dela.
- Agora, me conte, como vai a vida?
- Como sempre. Eu aqui nesta pobreza.
- Ora, você não disse que sua madrinha lhe deu de presente uma casaca usada que valia um tesouro?
- Ela disse que valia, ms eu continuo pobre.
- Espera aí. Já pesquisou os bolsos? Pode ser que....
Mais que depressa, besouro Hortêncio enfiou as mãos no bolso...
- Olha aqui! Quanto dinheiro! Eu era rico e não sabia! 

Elza Cesar
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O tempo cura tudo

Era uma vez um passarinho que morava num ninho no alto de uma mangueira. Quando a mamãe passarinha saía cedinho para procurar alimento, falava:
- Ó filhinho, não saia do ninho. Você ainda é um filhotinho, pode cair lá embaixo e se machucar.
Mas o passarinho morria de vontade de dar as suas voadinhas, experimentar as suas asinhas cheias de peninhas. Experimentou uma vez. Experimentou a segunda. Quando experimentou a terceira, caiu e quebrou uma asa. Saiu, andando pelo chão, arrastando a asa, procurando uma ajudinha.
- Ó minha amiga vaquinha, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.
A vaquinha, muito mal-humorada, disse que não entendia de asas. O passarinho continuou o seu caminho, arrastando a sua asinha quebrada. Até que encontrou um cavalo e pediu ajuda de novo, coitadinho.
- Ó meu amigo cavalinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.
O cavalo relinchou e disse que não consertava asas. Não era veterinário.
E lá se foi o passarinho andando, pedindo ajuda a todo mundo que encontrava, ouvindo sempre o mesmo. Até que encontrou um rio, muito transparente, e parou para beber água.
- Ó meu amigo riozinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha! E o rio de águas claras cantarolou:
- Bote aqui a sua asinha bote aqui no leito meu e depois não vá dizer que você se arrependeu.
E com todo cuidado, enfaixou a asinha do amiguinho, sorrindo dizendo:
- Dê um tempo ao tempo, fique quieto uns dias no seu ninho, meu passarinho!
E foi o que o passarinho fez.
Voltou para o seu ninho e deixou o tempo passar, bem quietinho.
O tempo passou.
Ele sarou e aprendeu a voar bem direitinho.
E no seu primeiro vôo sozinho, levou uma flor para o seu amigo riozinho. Ele agradeceu com um sorriso claro.
- O tempo cura tudo. É só dar tempo ao tempo, amigo passarinho.

Autoria desconhecida 

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A história de uma folha

Era uma vez uma Folha, que crescera muito. A parte intermediária era larga e forte, as cinco pontas eram firmes e afiladas.
Surgira na primavera, como um pequeno broto num galho grande, perto do topo de uma árvore alta.
A Folha estava cercada por centenas de outras folhas, iguais a ela. Ou pelo menos assim parecia. Mas não demorou muito para que descobrisse que não havia duas folhas iguais, apesar de estarem na mesma árvore. Alfredo era a folha mais próxima. Mário era a folha à sua direita. Clara era a linda folha por cima. Todos haviam crescido juntos. Aprenderam a dançar à brisa da primavera, esquentar indolentemente ao Sol do verão, a se lavar na chuva fresca.
Mas Daniel era seu melhor amigo. Era a folha maior no galho e parecia que estava lá antes de qualquer outra. A Folha achava que Daniel era também o mais sábio. Foi Daniel quem lhe contou que eram parte de uma árvore. Foi Daniel quem explicou que estavam crescendo num parque público. Foi Daniel quem revelou que a árvore tinha raízes fortes, escondidas na terra lá embaixo. Foi Daniel quem falou dos passarinhos que vinham pousar no galho e cantar pela manhã. Foi Daniel quem contou sobre o Sol, a Lua, as estrêlas e as estações.
A primavera passou. E o verão também.
Fred adorava ser uma folha. Amava o seu galho, os amigos, o seu lugar bem alto no céu, o vento que o sacudia, os raios do Sol que o esquentavam, a Lua que o cobria de sombras suaves.
O verão fora excepcionalmente ameno. Os dias quentes e compridos eram agradáveis, as noites suaves eram serenas e povoadas por sonhos.
Muitas pessoas foram ao parque naquele verão. E sentavam sob as árvores. Daniel contou à Folha que proporcionar sombra era um dos propósitos das árvores.
- O que é um propósito? - perguntou a Folha.
- Um razão para existir - respondeu Daniel - tornar as coisas mais agradáveis para os outros é uma razão para existir. Proporcionar sombra aos velhinhos que procuram escapar do calor de suas casas é uma razão para existir.
A Folha tinha um encanto todo especial pelos velhinhos. Sentavam em silêncio na relva fresca, mal se mexiam. E quando conversavam eram aos sussurros, sobre os tempos passados.
As crianças também eram divertidas, embora às vezes abrissem buracos na casa da árvore ou esculpissem seus nomes. Mesmo assim, era divertido observar as crianças.
Mas o verão da Folha não demorou a passar.
E chegou ao fim numa noite de outubro. A Folha nunca sentira tanto frio. Todas as outras folhas estremeceram com o frio. Ficaram todas cobertas por uma camada fina de branco, que num instante se derreteu e deixou-as encharcadas de orvalho, faiscando ao Sol.
Mais uma vez, foi Daniel quem explicou que haviam experimentado a primeira geada, o sinal que era outono e que o inverno viria em breve.
Quase que imediatamente, toda a árvore, mais do que isso, todo o parque, se transformou num esplendor de cores. Quase não restava qualquer folha verde. Alfredo se tornou um amarelo intenso. Mário adquiriu um laranja brilhante. Clara virou um vermelho ardente. Daniel estava púrpura. E a Folha ficou vermelha, dourada e azul. Todos estavam lindos. A Folha e seus amigos converteram a árvore num arco-íris.
- Por que ficamos com cores diferentes, se estamos na mesma árvore? - perguntou a Folha.
- Cada um de nós é diferente. Tivemos experiências diferentes. Recebemos o Sol de maneira diferente. Projetamos a sombra de maneira diferente. Por que não teríamos cores diferentes?
Foi Daniel, como sempre, quem falou. E Daniel contou ainda que aquela estação maravilhosa se chamava outono.
E um dia aconteceu uma coisa estranha. A mesma brisa que, no passado, os fazia dançar começou a empurrar e puxar suas hastes, quase como se estivesse zangada. Isso fez com que algumas folhas fossem arrancadas de seus galhos e levadas pela brisa, reviradas pelo ar, antes de caírem suavemente ao solo.
Todas as folhas ficaram assustadas.
- O que está acontecendo? - perguntaram umas às outras, aos sussurros.
- É isso que acontece no outono - explicou Daniel - é o momento em que as folhas mudam de casa. Algumas pessoas chamam isso de morrer.
- E todos nós vamos morrer? - perguntou Folha
- Vamos sim - respondeu Daniel - tudo morre. Grande ou pequeno, fraco ou forte, tudo morre. Primeiro cumprimos a nossa missão. Experimentamos o Sol e a Lua, o vento e a chuva. Aprendemos a dançar e a rir. E, depois morremos.
- Eu não vou morrer! - exclamou Folha, com determinação - você vai, Daniel?
- Vou sim, quando chegar meu momento.
- E quando será isso?
- Ninguém sabe com certeza - respondeu Daniel.
A Folha notou que as outras folhas continuavam a cair. E pensou:
"Deve ser o momento delas".
Ela viu que algumas folhas reagiam ao vento, outras simplesmente se entregavam e caíam suavemente.
Não demorou muito para que a árvore estivesse quase despida.
- Tenho medo de morrer - disse Folha a Daniel - não sei o que tem lá embaixo.
- Todos temos medo do que não conhecemos. Isso é natural - disse Daniel para animá-la - mas você não teve medo quando a primavera se transformou em verão. E também não teve medo quando o verão se transformou em outono. Eram mudanças naturais. Por que deveria estar com medo da estação da morte?
- A árvore também morre? - perguntou Folha.
- Algum dia vai morrer. Mas há uma coisa que é mais forte do que a árvore. É a vida. Dura eternamente e somos todos uma parte da vida.
- Para onde vamos quando morrermos?
- Ninguém sabe com certeza, é o grande mistério.
- Voltaremos na primavera?
- Talvez não, mas a vida voltará.
- Então qual é a razão para tudo isso? - insistiu Folha - por que viemos para cá, se no fim teríamos de cair e morrer?
Daniel respondeu no seu jeito calmo de sempre:
- Pelo Sol e pela Lua. Pelos tempos felizes que passamos juntos. Pela sombra, pelos velhinhos, pelas crianças. Pelas cores do outono, pelas estações. Não é razão suficiente?
Ao final daquela tarde, na claridade dourada do crepúsculo, Daniel se foi. E caiu a flutuar. Parecia sorrir enquanto caía. 

Leo Buscaglia
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A história de leo

Conta-se que Leozinho, o leão, havia sido criado por ovelhas... Crescera entre elas e tal qual como se fosse uma ovelha Leozinho pensava, sentia e agia no seu dia a dia.
Assim ia levando sua vida até que aconteceu uma tragédia no local onde ficavam as ovelhas (e Leozinho com elas, é claro!): surgiram lobos famintos e ferozes que, ao avistarem as ovelhas, partiram em seu encalço.
Apavoradas, as ovelhas e Leozinho se puseram a correr, na tentativa de escaparem das garras de seus perseguidores.
Enquanto fugia, Leozinho olhou para trás e viu uma cena que o deixou ainda mais chocado: a ovelha que o havia criado, e a qual ele tinha como se fosse sua mãe, havia sido encurralada por quatro ou cinco lobos assassinos, prestes a devorá-la!
Naquele instante... Algo ocorreu... Um sentimento forte e até então desconhecido começou a se avolumar dentro de Leo, e de repente... Roarrr! Despertou a fera... O gigante interior que habita e sempre habitou em seu ser e em um gesto desesperado para salvar sua "mãe", Leo se atirou em cima dos lobos e para espanto geral os pôs para correr... Fugiram todos os lobos diante daquele leão!
Com o tempo, Leo foi se conhecendo e descobrindo sua verdadeira natureza... Aprendendo a lidar com sua força e instintos.
Hoje, Leo é o rei dos animais... E é um rei justo e sábio... Que jamais se esqueceu do amor e do carinho que recebera das ovelhas... E as protege com toda a gratidão e respeito!

Autoria desconhecida 

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A história das três ovelhinhas

Era uma vez... três ovelhinhas irmãs, muito amigas, muito belas.
Viviam sempre juntinhas, todas três se defendiam e todas as três se queriam.
MAS... um dia, um lobo mau ao vê-las, apeteceu-as, e resolveu separá-las.
Pôs-se então a vigiá-las, e entre elas teceu mil intrigas, até que venceu e conseguiu separá-las.
Então... o lobo, ao vê-las assim, separadas, vendo, por fim, suas intrigas vingadas, e as três pobres ovelhinhas fracas, desunidas, sozinhas, sem nenhuma dificuldade, de uma em uma, venceu-as, e, cheio de maldade comeu-as... 

Marina Tricânico
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A gralha entre os pavões

Era a época em que o pavão muda de penas; uma gralha apanhou-as, e com elas adornou-se. Depois, muito envaidecida, apresentou-se entre os pavões, julgando-se uma bela personagem. Um deles logo percebeu quem era; e viu-se a gralha escarnecida, apupada, vaiada e, finalmente, depenada de modo insólito pelos pavões. Voltou para junto das companheiras, de bico caído, mas foi por elas enxotada.

Moral da Estória:
Há muitas gralhas que se pavoneiam com o que é dos outros, como plagiários. Como, também, há muita gente que veste penas de pavão, mas que não deixa de ser gralha.

Autoria desconhecida 

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A gatocleta do miafino

- Com vocês, o primeiro gatoclista da História em sua fantástica gatocleta!
Foi então que apareceu o que nunca se viu: um gato magrelo, de joelheira e capacete amarelo, todo esfolado - parecia um gato-ralado.
Pilotava uma coisa mais estranha ainda! Uma espécie de gatomotocleta, que tinha de tudo um pouco.
E como ele era craque no guidão! Dava empinadas, derrapadas, saltava buracos, rampas, antenas, fazia curvas fechadas, acelerava no retão. Saltava de banda, voava de lado, pulava telhado em salto ornamental, prá cima, lá embaixo, de ponta-cabeça, de marcha à ré e ainda caía em pé.
A multidão quase foi ao delírio e estourou em aplausos.
- Será manchete no Gato da Tarde!
- Ganhará o prêmio "Bigode de ouro!"
Todos queriam conhecer o grande campeão. E foi grande a surpresa dos miadores quando o herói tirou o capacete e mostrou o carão.
- Miafino!
A partir deste dia, quando a Lua pinta no céu, as janelas dos prédios e casas ficam lotadas de olhares curiosos.
Todos desejam ver o grande gatoclista deslizar pelos telhados em sua incrível gatocleta.
Por perto está sempre o Mestre Lin, que agora termina a história dizendo assim:
- Cantar, pular, desenhar, correr, cada um é bom no que sabe fazer!
Miauuuuuuu!!! 

Flávia Muniz
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A flor solitária

Em um deserto distante, vivia uma solitária flor. Tão bela, delicada e com um perfume tão bom que a própria areia desviava-se com a ajuda do vento para não molestá-la. Afinal, era a única flor do deserto...
Ela dava à paisagem árida um toque de vida e luz.
- Por que nasci assim? - pensava ela - tão longe de minhas irmãs e primas?
Olhava ao redor e só via areia clara e o céu azul. Os grãos de areia adoravam visitá-la.
Ela, tão linda e colorida, alegrava e dava vida àquele deserto.
Alguns grãos de areia viajavam dias e dias para conhecê-la. Comentavam entre si como era mais bela a paisagem graças à presença daquela flor.
Mas a flor, por não entender sua missão, sentia-se muito só. Se existia um motivo para a sua vida, qual seria ele?
Os grãozinhos de areia tentavam se comunicar com ela, mas por pertencerem a dimensões, ou reinos diferentes (vegetal e mineral), eles não conseguiam transmitir à flor o quão importante e necessária era a sua presença ao deserto.
Em cada amanhecer, a flor olhava ao redor em busca de algum sinal de vida.
Deprimida, ela, então, definhou e morreu.
Os grãos de areia, que nada puderam fazer, entristeceram-se. Já não queriam mais passear e até o vento, naqueles dias, desistiu de soprar...
Perguntavam eles:
- Será que a flor que procurava vida ao seu redor não percebeu que ela era a própria vida? Ela era a alegria e o colorido da paisagem! Por que insistiu em procurar fora aquilo que estava dentro dela?

Autoria desconhecida 

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A gaivota que não podia voar

Uma gaivota teve uma ninhada de filhotes lindos, que saíram dos ovinhos num dia de Sol...
Logo a mamãe gaivota notou que havia algo diferente com um dos filhotes.
Vivi era uma gaivota muito tímida.
Enquanto todos os outros filhotes já estavam ensaiando passos fora do ninho, Vivi nem sequer se mexia do lugar.
A gaivotinha tinha dificuldades na hora de pegar o alimento e parecia estar sempre olhando para o infinito. Como se visse algo diferente no ar.
Logo a mãe de Vivi compreendeu. A gaivotinha não podia ver. Jamais veria a cor do céu, do mar, das árvores...
Quando Vivi começou a sair do ninho, ajudada pela mãe gaivota, virou motivo de piada dos outros irmãos.
Por não enxergar, batia nas árvores, tropeçava em galhinhos e caía no chão.
- Ah, ah, ah! Olha só que gaivota atrapalhada! - assim gritavam as gaivotas do grupo, que riam de Vivi.
Quando ficava sozinha, Vivi chorava baixinho.
- Por que todos podem ver e eu não? Por que Deus do céu me fez nascer assim?
A mamãe gaivota consolava Vivi:
- Quando Deus nos faz diferentes por algum motivo, nos dá em dobro capacidades que os outros não têm. Você pode ver com o coração e um dia vai descobrir um dom maravilhoso.
Vivi aprendeu, aos poucos, a conhecer o lugar onde morava.
Voando ao lado da mãe gaivota, ela ficou sabendo onde estava cada árvore, cada rochedo, onde estava a praia e onde chegavam as ondas do mar.
Vivi aprendeu a pescar, mergulhando nas ondas para pegar peixes e quando voava, sentindo o vento nas asas, sentia-se uma gaivota muito especial...
Aos poucos, Vivi aceitou o fato de ter nascido diferente das outras gaivotas.
E as brincadeiras já não a faziam chorar.
Assim, começou a treinar vôos diferentes, alguns mais altos, outros mais baixos que as gaivotas comuns não conseguiam fazer.
As outras gaivotas, reunidas em bandos, continuavam a rir de Vivi:
- Vejam, ela quer se mostrar! Acha que pode voar como um avião!
Mas... no meio delas, uma pequenina gaivota passou a admirar Vivi e resolveu se aproximar.
No início, muito cautelosa, apenas observava Vivi de longe, depois escondida atrás das pedras, seguia de pertinho cada passo de Vivi.
- Venha cá - disse um dia Vivi, sentindo que a gaivotinha a estava espiando.
- Desculpe, pensei que você não pudesse ver.
Vivi então explicou que seus olhos não enxergavam, mas seu coração era capaz de sentir tudo o que ocorria ao seu redor.
- Posso aprender a voar como você? - perguntou a gaivotinha.
- É claro - disse Vivi, abraçando a nova amiga com suas longas asas.

Autoria desconhecida 

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A formiga e a neve

Numa certa manhã de inverno, uma formiga saía para o seu trabalho diário. Já ia longe procurar comida quando um floco de neve caiu, prendendo o seu pézinho. Aflita, vendo que ali poderia morrer de fome e frio, a formiga olhou para o Sol e pediu:
- Sol, tu que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pézinho? E o Sol, indiferente, respondeu:
- Mais forte que eu é o muro que me tampa.
Então a pobre formiguinha disse:
- Muro, tu que és tão forte, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho? E o muro rapidamente respondeu:
- Mais forte que eu é o rato, que me rói.
A formiga, quase sem fôlego, perguntou:
- Rato, tu que és tão forte, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho? E o rato falou bem rápido:
- Mais forte que eu é o gato que me come. A formiga perguntou ao gato:
- Tu que és tão forte, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho? O gato responde sem demora:
- Mais forte que eu é o cachorro, que me persegue. A formiguinha estava cansada e, mesmo assim, perguntou ao cachorro:
- Tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?
- Mais forte que eu é o homem, que me bate.
Pobre formiga! Quase sem força, perguntou ao homem:
- Tu que és tão forte, que bate no cachorro, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho? O homem olhou para a formiga e respondeu:
- Mais forte que eu é Deus, que tudo pode. A formiga olhou para o céu e perguntou a Deus:
- Tu que és tão forte que tudo pode, desprenda o meu pézinho?
E Deus, que ouve todas as preces pediu à primavera que chegasse com seu carro dourado triunfal enchendo de flores os campos e de luz os caminhos, e vendo que a formiga estava quase morrendo, levou-a para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores permanecem para sempre.

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A floresta enfeitiçada

Era uma vez um gnomo que vivia nas profundezas de uma floresta encantada. A sua única companhia, para além das árvores e das flores que cobriam a sua casinha, era um gato preto.
Um dia, estava o gnomo a cuidar das suas plantas, quando apareceu o gato com um ar muito preocupado:
- Gnomo, gnomo, nem imaginas o que aconteceu!
- Porque estás tão inquieto? - perguntou o gnomo.
- A floresta está a desaparecer! - respondeu - para lá daquele vale restam apenas escassas ervas. Até o rio deixou de correr!
- Mas porque será?
- Dizem que, há muitos anos atrás, um feiticeiro perdeu nesta floresta a sua amada, uma princesa de beleza extrema. O desgosto foi tão grande que, movido pela raiva, lançou um feitiço. Se dentro de sete dias não forem encontradas três pedras mágicas, esta floresta deixará de existir, e com ela todos os seres que nela habitam.
No dia seguinte, o gnomo e o gato foram, com a ajuda de uma nuvem mágica, à procura das pedras mágicas. Os dias passavam e, já cansados de tanto procurar, resolveram descansar à sombra de uma árvore. Pouco depois estavam a dormir. Na manhã seguinte, mal o gnomo acordou, encontrou a seus pés uma carta e uma espada. A carta dizia:
"Meu caro amigo, sou uma pessoa que te quer ajudar. Para encontrares as três pedras mágicas, basta salvares a princesa do reino, que se encontra presa numa masmorra. Para isso terás que atravessar toda a floresta e lá encontrarás o castelo de um monstro. Se à meia-noite do dia de hoje a princesa não estiver neste sítio, tudo desaparecerá."
Ao atravessarem a floresta, o gnomo e o gato deram com o castelo do monstro. Com a ajuda da nuvem mágica e da espada, o gnomo matou o monstro e salvou a princesa. Já na floresta, o gnomo exclamou:
- São tantas as árvores! Como vamos descobrir aquela onde dormimos?
- Marquei uma cruz nessa árvore; basta agora descobri-la - respondeu o gato.
Estavam as badaladas da meia-noite a tocar, quando o gato e o gnomo entregaram a princesa à pessoa que escrevera a carta.
- É um feiticeiro! - exclamou o gnomo.
- Pois sim! Obrigado por me trazerem a minha amada de volta. Nenhum dos meus feitiços seria tão ágil como a vossa pequenez. A vocês devo a minha vida. E a minha felicidade. E, com um pequeno toque, apareceram as pedras mágicas na mão do gnomo.
Foi assim que, salva a floresta e todos os seus habitantes, o gnomo e o gato voltaram para a sua casinha, nas profundezas da floresta, e viveram felizes para sempre.

Autoria desconhecida 

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Escola de animais

Era uma vez um grupo de animais que quis fazer alguma coisa para resolver os problemas do mundo. Para isto, eles organizaram uma escola.
A escola dos bichos estabeleceu um currículo de matérias que incluía correr, subir em árvores, em montanhas, nadar e voar. Para facilitar as coisas, ficou decidido que todos os animais fariam todas as matérias.
O pato se deu muito bem em natação; até melhor que o professor! Mas quase não passou de ano na aula de vôo, e estava indo muito mal na de corrida. Por causa de suas deficiências, ele precisou deixar um pouco de lado a natação e ter aulas extras de corrida. Isto fez com que seus pés de pato ficassem muito doloridos, e o pato já não era mais tão bom nadador como antes. Mas estava passando de ano, e este aspecto de sua formação não estava preocupando a ninguém - exceto, claro, ao pato.
O coelho era de longe o melhor corredor, no princípio, mas começou a ter tremores nas pernas de tanto tentar aprender natação.
O esquilo era excelente em subida de árvore, mas enfrentava problemas constantes na aula de vôo, porque o professor insistia que ele precisava decolar do solo, e não de cima de um galho alto. Com tanto esforço, ele tinha cãibras constantes, e foi apenas "regular" em alpinismo, e fraco em corrida.
A águia insistia em causar problemas, por mais que a punissem por desrespeito à autoridade. Nas provas de subida de árvore era invencível, mas insistia sempre em chegar lá da sua maneira. Na natação deixou muito a desejar.


Moral da Estória:

Cada criatura tem suas capacidades e habilidades próprias, coisas que faz naturalmente bem.
Mas quando alguém o força a ocupar uma posição que não lhe serve, o sentimento de frustração, desencorajamento, e até culpa, provoca mediocridade e derrota total.
Um pato é um pato; nada mais do que um pato. Foi feito para nadar, não para correr, e certamente não para subir em árvores.
Um esquilo é um esquilo; nada mais do que um esquilo. Se insistirmos em afastá-lo daquilo que ele faz bem, ou seja, subir em árvores, para que ele seja um bom nadador ou um bom corredor, o esquilo vai se sentir um burro.
A águia faz uma bela figura no céu, mas é ridícula numa corrida a pé.
No chão, o coelho ganha sempre. A não ser, é claro, que a águia esteja com fome!
O que dizemos das criaturas da floresta vale para qualquer pessoa bem como a sua família, em particular.
Deus não nos fez iguais. Ele nunca quis que fôssemos iguais. Foi Ele quem planejou e projetou as nossas diferenças, nossas capacidades especiais!
Portanto descubra em você estas qualidades e desfrute de sua paz interior.
Descubra seus dons naturais.
Seja feliz!

Autoria desconhecida 

Se você conhece a autoria desta fábula, por favor envie-me para que eu possa dar crédito à mesma.
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A fábula dos dois sapos

Numa empresa de laticínios, dois sapos desastradamente saltaram para dentro de um balde de leite cremoso.
- É melhor desistir - coaxou um dos sapos, depois de tentar em vão sair do balde. Vamos morrer!
- Continua a nadar! disse o segundo sapo. Havemos de encontrar maneira de sair deste atoleiro!
- Não adianta! - disse o primeiro. Isto é grosso demais para nadar, mole demais para saltar e escorregadio demais para rastejar. Um dia temos mesmo de morrer, por isso, tanto faz que seja esta noite.
Afundou-se no balde e acabou por morrer.
O amigo porém, continuou a nadar, a nadar, a nadar, e quando amanheceu, viu-se encarapitado num monte de manteiga que ele, sozinho, havia batido.
Lá estava o sapo, com um sorriso, comendo as moscas que enxameavam, vindas de todas as direções.


Moral da Estória:


  • Não se conquista nada sem luta, por isso lute!
  • Não deixe as dificuldades que surgem à sua frente serem mais fortes do que a sua vontade de vencer! 

    Neil Eskelin

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    A estrelinha tlim tlim

    Num certo lugar do céu mora uma estrêla muito bonita, como um candeeirinho que Deus aí pôs para iluminar aquele sítio. A estrelinha Tlim Tlim ia fazer anos e os amigos resolveram oferecer-lhe a festa mais bonita que ela podia imaginar. O senhor Cometa mais o senhor Vento foram encarregados de levar os convites porque andam muito depressa e conhecem todos os caminhos do céu. No dia do aniversário da Tlim Tlim havia muito movimento no espaço, com os convidados que chegavam de toda a parte.
    As pessoas na Terra que olhavam para o céu naquela noite pensavam que havia uma chuva de estrêlas e quando as viam passar, benziam-se e diziam:
    "Deus te guie".
    Os meninos ao verem uma noite tão diferente e tão bonita pediram aos pais que os deixassem ficar na rua por mais algum tempo e, coisa estranha, os pais consentiram, muito sorridentes.
    À medida que os convidados da festa iam chegando, entregavam as prendas à estrelinha Tlim Tlim. Eram abraços das Ilhas Atlânticas, flores dos desertos de Angola, sorrisos de Portugal, missangas de Moçambique, um leque feito com palmas das palmeiras do Brasil. O senhor Frio entrou e abraçou a estrelinha Tlim Tlim que ficou a tremer. Mas felizmente chegou o senhor Calor da Guiné, que deu um beijo grande e quente à estrelinha Tlim Tlim. Quando a Lua chegou, toda sorridente, com um vestido bordado com espuma do Mar, com os cabelos penteados pelo senhor Vento, todos olharam para a prenda que levava. Era um frasco muito pequeno e com um laço cor de rosa que brilhava como ouro e que deixava um rastro no ar como se fosse um cometa. A senhora Lua explicou que era um perfume que lhe tinha sido dado por uns homens da Terra, quando em tempos a tinham visitado. Todos se lembravam da primeira viagem à Lua, pelos habitantes da Terra, e quiseram pôr um pouco de perfume. Na confusão caiu uma gota de perfume em São Tomé e Príncipe e dizem que, até hoje, as montanhas de lá conservam aquele cheiro.
    Entretanto já era noite alta e o senhor Sol, encarregado de fechar a festa, avisou que estava na hora de cada um ir para sua casa, porque ia começar um novo dia no outro lado do mundo. As estrêlas e os planetas, os cometas e o vento, as nuvens e o orvalho, o calor, o frio e a neve e todos os convidados que estavam a dançar, rodearam a estrelinha Tlim Tlim e despediram-se dela cantando o "parabéns a você", tocado pela senhora Chuva e sua Orquestra.
    Rezam as crônicas que naquela madrugada choveu abundantemente em Cabo Verde.

    Autoria desconhecida 

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    O vento

    Um vento muito jovem com o estranho nome de Al-Merid vivia a vida brincando como uma criança num deserto dentro de si mesmo.
    Montava e desmontava seus castelos de areia, armava e desarmava as "dunas" de maneira a mudar constantemente de paisagem (para evitar a monotonia), apagava as pegadas dos viajores e as passadas vigorosas dos camelos...
    Vivendo assim, intensamente, o presente, pois o passado já se fora (e ele não tinha memória do tempo) e o futuro estava por vir (e não o interessava muito nem se desgastar, imaginando-o...)!
    Mas, eis que se acabara o tempo das brincadeiras e, talvez por isso, ouviu uma voz que vinha lá do seu centro:
    - Al-Merid, Al-Merid! Por que perdeste tanto tempo com miragens e oásis, agartos rastejando em pedras rachadas pelos outros ventos, e cobras... e cocos secos?... Muda, enquanto é tempo!
    Al-Merid afastou-se, então, do deserto e foi habitar sobre um mar diferente que o vento Minuano havia apresentado nos seus sonhos aventureiros... Pensando haver encontrado seu verdadeiro habitat, continuou brincando de forma diferente: ora leve, ora furiosamente, movendo as ondas desde o seu interior, revirando barcos, rebuscando sempre os baús ocultos com tesouros acumulados pelo tempo e apossando-se de jóias, medalhas e honrarias que pertenciam aos mortos-vivos!...
    Mas, novamente, cansou das brincadeiras, fez silêncio e tornou a ouvir:
    - Al-Merid, Al-Merid, que é uma gota no oceano? Busca aquecer-te ou morrerás gelado nos pólos para onde te levarão teus pensamentos e ações inconseqüentes...
    Al-Merid olhou em redor e, nas montanhas longínquas viu fumaça. Ora, onde há fumaça, há fogo, pensou. E para lá se dirigiu, pois estava gelado até a alma e desejava aquecer-se. Vôou vertiginosamente e ficou frente a frente com um vulcão que preparava cuidadosamente sua lava para descer o morro matando a vida para, depois de séculos, transformá-la em ouro negro... Apaixonadíssimo pela beleza terrificante do vulcão, soprou, soprou, soprou... Soprou tanto que inchou as suas bochechas de vento, empurrando cinza e labaredas, detritos e lava para lá e para cá...
    Estava nesse incansável trabalho, porque o vulcão exigia muito dele, quando passou uma ventoinha leve e graciosa, fina e ágil, que piscou o olho para ele. Al-Merid largou tudo e seguiu-a por morros e florestas, praias e rios, lagos e cachoeiras encantados... Claro, era um vento-jovem!... Já pensava em estabelecer-se e construir um belo "palácio de vento" secreto e somente para os dois, num tempo eternizado num único momento, quando, pela terceira e última vez, ouviu a voz interior que, como címbalo forte, cantava aos seus ouvidos:
    - Será este mesmo o teu destino? É isto realmente que tu desejas? Gerar ventos e colher tempestades, maremotos? Furacões do teu próprio sentimento? Por que não procuras instruir-te primeiro? Se o amor for verdadeiro, noutra curva do tempo o encontrarás certamente...
    Al-Merid foi se afastando, afastando... De ré e devagar, bateu com os costados numa montanha gelada muito grande, o Himalaia. Olhou-a bem e percebeu que, no alto, havia um templo (reconheceu-o até porque já sonhara muito com ele)!
    Subiu, subiu, enfrentando os maiores perigos entre abismos e trechos muito escorregadios, e ainda outros com passagens estreitíssimas até que o alcançou. E encontrando-o, avistou um velho tão velho que, parecendo adivinhar a morte próxima, lhe disse:
    - Al-Merid, Al-Merid, finalmente chegaste! Espero-te há séculos para seres o meu discípulo. Quero ensinar-te tudo que aprendi sobre a vida, fora da vida, porém no centro dela, meditando e orando pelo bem da humanidade. Em troca, deves fazer a única coisa que sabes: refrescar-me e varrer nosso templo!
    Al-Merid, meio assustado, porque aquela era a voz que ele escutara três vezes e não sabia como aquele velho o havia acompanhado, aceitou.
    Varreu pátios internos, abriu suas próprias janelas para o sol, soprou as teias de aranha para longe de seu palácio!
    E era só abrir e fechar, limpar e refrescar, abrir e fechar...
    E, às vezes, brincar na cabeleira e barba compridas e brancas do seu sábio, que sorria muito e, estranhamente, parecia bastante com ele mesmo, o vento!...
    Al-Merid ali envelheceu, vendo o monge sair do corpo tantas e tantas vezes, tantas e tantas vezes voltar a ser criança para receber instruções na sua "nova casa" (seu templo), que, finalmente, compreendeu:
    É fácil... Juntar grãos de areia (pequenas questiúnculas que estão sempre mudando de posição a favor do vento) mover ondas internas (renovando sentimentos e guardando mágoas que se tornam gigantes e acabam afogando-nos) achar tesouros externos (que enfeitam apenas os mortos-vivos descuidados com as suas verdadeiras vidas) amar e esquecer-se (dos amores individuais, os mais profundos para entregar-se a outros amores mais espirituais, mais universais)...
    Mas instruir-se e "crescer" leva tanto tempo que, na maioria das vezes, uma só vida não dá para alcançar a verdadeira sabedoria do ser!... E, numa breve retrospectiva, analisou seus passos: enquanto era uma criança espiritual, vivera num deserto, aprendendo com suas ações inconseqüentes; na juventude, despertara as ondas de emoções desencontradas no seu mar interior depois, conhecera o calor do amor, para então renunciar e buscar a sabedoria.
    Foi só aí, então, que sentenciou para si mesmo:
    "O impossível me acordou. Não podendo, eu quis mais. E vi que quanto menos eu tivesse mais seria possível ter. Agora, assim, eu posso ser tudo que não fui num tempo que não era para ser."

    Autoria desconhecida 

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    A estrela

    Havia milhões de estrêlas no céu.
    Estrêlas de todas as cores: brancas, prateadas, verdes, douradas, vermelhas e azuis.
    Um dia, elas procuraram Deus e lhe disseram:
    - Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra entre os homens.
    - Assim será feito, respondeu o Senhor. Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas e podem descer para a Terra.
    Conta-se que, naquela noite, houve uma linda chuva de estrêlas.
    Algumas se aninharam nas torres das igrejas, outras foram brincar de correr com os vagalumes nos campos; outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada.
    Porém, passando o tempo, as estrêlas resolveram abandonar os homens e voltar para o céu, deixando a Terra escura e triste.
    - Por que voltaram? - perguntou Deus, a medida que elas chegavam ao céu.
    - Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra.
    Lá existe muita miséria e violência, muita maldade, muita injustiça.
    E o Senhor lhes disse:
    - Claro! O lugar de vocês é aqui no céu.
    A Terra é o lugar do transitório, daquilo que passa, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, nada é perfeito. O céu é lugar da perfeição, do imutável, do eterno, onde nada perece.
    Depois que chegaram todas as estrêlas e conferindo o seu número, Deus falou de novo:
    - Mas está faltando uma estrêla. Perdeu-se no caminho?
    Um anjo que estava perto retrucou:
    - Não Senhor, uma estrêla resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe a imperfeição, onde há limite, onde as coisas não vão bem, onde há luta e dor.
    - Mas que estrêla é essa? - voltou Deus a perguntar.
    - É a Esperança, Senhor. A estrêla verde. A única estrêla dessa cor.
    E quando olharam para a Terra, a estrêla não estava só. A Terra estava novamente iluminada porque havia uma estrêla verde no coração de cada pessoa. Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a Esperança.
    Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da pessoa humana, própria daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que não sabe como será o futuro.

    Autoria desconhecida 

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    O vôo do condor e da águia

    Certa vez, o condor cansado da solidão das alturas dos Andes, desceu para um vôo mais próximo a outros pássaros. Trazia dentro de si, muito desânimo e muita descrença. Quando olhando para uma montanha, que para ele, não era tão alta; observou que havia uma águia bem vistosa, que lhe chamava a atenção, pela astúcia e seriedade que transmitia. E com tantos outros pássaros que poderia ter se aproximado, escolheu-a para conversar. A águia mostrou-se bem receptiva ao condor. Conversaram por vários dias seguidos e em espaços pequenos. E o condor apesar de muito desconfiado, começou a simpatizar-se com a esperteza e sonhos de vitória da águia. E por várias vezes, a águia chamava a atenção do condor, pelo comportamento depressivo, que ele demonstrava ter, nos seus momentos de volta ao passado. Fazia com isso, que o condor visse, que a vida continuava e ele precisaria voltar para suas alturas. O condor, sem muito esforço; foi-se levantado e olhando para frente; com perspectivas de ter ao seu lado, aquela amiga que lhe transmitia ensinamentos de força e astúcia. E dentro do coração do condor, algo muito grande foi crescendo. E a águia com toda sua lucidez; foi incapaz de contrariar tal sentimento. O tempo passou e o outono chegou. A comida já estava ficando escassa na região. Então o condor, propôs à sua amiga, que fossem para outro local, onde pudessem encontrar mais alimento e mais condições de vida. A águia neste momento, se mostrou desconfiada da necessidade do condor em tê-la junto, para tal tarefa. E não conseguindo ver sentimento de "carinho" e "amor" no convite do condor; ficou meio receosa ao aceitar o proposto. Mas como não havia outra solução de imediato, balançou sua cabeça e abriu suas lindas asas para o vôo. E já exaustos de horas e horas de vôo, sobrevoaram um deserto; onde o Sol escaldava a areia com seu calor devastador. O condor observava que sua amiga estava exausta e lhe propôs:
    - Vamos descer um pouco? Afinal estamos voando a dias; e você deve estar como eu, muito cansada e com certeza encontraremos água e comida lá em baixo!
    A águia olhou com seus olhos astutos para baixo e talvez sem pensar na preocupação do Condor para com ela, respondeu-lhe:
    - Como você tem coragem de acreditar que neste deserto conseguiremos encontrar água e comida? Será que não percebe que se descermos, morreremos escaldados pelo Sol e serviremos de alimento para outro animal qualquer? O condor neste momento, sentiu a racionalidade da águia e a sua falta de vontade em querer acreditar, que alguma coisa de bom, pudesse acontecer na tentativa. Era como se a águia houvesse assumido uma outra personalidade diferente da demonstrada a um bom tempo atrás.
    O condor calou sua voz, mas seus pensamentos debulhavam as palavras e atitudes demonstradas pela águia. Seguiram por mais alguns dias calados e sufocados pela fome, cansaço e dúvidas entre si. E todas as vezes que o condor tentava entrar no mérito da questão, querendo entender o que se passava; a águia sempre muito racional e até fria; lhe achava incompreensível e cobrador de algo, que com certeza, o condor não tinha direito.
    Ao passarem bem próximo a uma linda cachoeira, o condor entusiasmado disse:
    - Olhe só, quanta água! Deve ter peixes grandes ali e você com sua rapidez, poderia caçar por nós. Suas garras apanhariam os peixes e comeríamos para matar nossa fome.
    A águia olhou para baixo e respondeu-lhe:
    - Como você quer que eu chegue próximo aos peixes se o volume da água deste rio é imenso! Poderia me sufocar com a pressão da água sobre mim! E se tentasse apanhá-los próximos às pedras; poderia um jato forte da água desta cachoeira, me derrubar para dentro do rio e eu morreria. Será que você não consegue enxergar o que está me pedindo? O perigo que corro? As dificuldades que teria que enfrentar para vencer isto? Será que você não vê que estaria arriscando tudo o que tenho, por uma tentativa que poderia não dar em nada? Não consegues entender, que nada valeria este risco?
    O condor, neste momento; sentiu que não estava mais falando com a águia que conhecera. E neste momento, mais do que os outros; sentiu-se só novamente. Mas já não mais queria sufocar o que pensava, porque havia agora uma necessidade pessoal de falar. E quando tentou mostrar à águia o que sentia com relação ao que estavam passando; a águia mais que rapidamente e extremamente racional; mostrou-lhe, que suas prioridades eram outras. E que o condor, era apenas uma boa companhia enquanto se silenciava ou escutava o que ela dizia.
    O condor sentiu-se novamente só... Bem só... Mas uma solidão um tanto quanto pior, porque ela vinha acompanhada de sentimento. E ainda tentou, mesmo de maneira errada, mostrar para a amiga, que ainda poderiam voar juntos.
    Mas foram tantas as tentativas frustradas, que o condor um dia; como a águia, usou de racionalidade e afastou-se, mas com esperanças de que sua companheira ainda pudesse lhe procurar. E em meio a uma grande discórdia, levantou seu vôo sem dizer adeus; pois dentro de si, ainda queria a águia próxima a ele. Ainda sonhava com o vôo bem suave e caloroso que poderiam realizar juntos.
    Quando já estava a uma boa distância, teve a necessidade de olhar para trás. Mas o vento soprava fortemente. A distância entre ambos já era muito grande, que os olhos do condor, não mais puderam ver os olhos da águia.
    Talvez ambos tenham se arrependido, de não terem tentado voltar atrás e recomeçar seu vôo juntos, mas silenciaram-se. O condor ainda esperaria; mas conhecendo sua amiga, sabia que ela nunca o procuraria; porque sua racionalidade era bem mais forte que seu sentimento. E os sentimentos de ambos, eram medidos pela águia (sempre racional), com uma desvantagem para o condor: "ele a amava mais!"
    E se foram... Para onde? Não se sabe; mas ainda se ouve o bater das asas solitárias do condor nos altos das Cordilheiras e o grito da águia nas montanhas; à procura do que ela com certeza; não deu conta de que era "sentimento".

    Autoria desconhecida 

    Se você conhece a autoria desta fábula, por favor envie-me para que eu possa dar crédito à mesma.
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