Dizia ao caniço robusto carvalho:
"Sou grande, sou forte;
És débil e deves, com justos motivos,
Queixar-te da sorte!
Inclinas-te peso de frágil carriça;
E a leve bafagem,
Que enruga das águas a linha tranquila
Te averga a folhagem.
Mas minha cimeira tufões assoberba,
Com serras entesta;
Do Sol aos fulgores barreiras opondo,
Domina a floresta.
Qual rija lufada, do zéfiro o sopro,
Te soa aos ouvidos,
E a mim se afiguram suaves favônios
Do Norte os bramidos.
Se desta ramagem, que ensombra os contornos
A abrigo nasceras,
Amparo eu te fôra de suis e procelas,
E menos sofreras.
Mas tens como berço brejais e alagados,
Que o vento devasta.
Confesso que sobram razões de acusares
A sorte madrasta".
Responde o caniço: "Das almas sensíveis
É ter compaixão;
Mas crede que os ventos, não menos que os fracos,
Minazes vos são.
Eu vergo e não quebro. Da luta com o vento
Fazeis grande alarde;
Julgais que heis de sempre zombar das borrascas?
Té ver não é tarde".
Mal isto dissera, dispara do fundo
Dum céu carregado
O mais formidável dos filhos que o Norte
No seio há gerado.
Ereto o carvalho, faz frente à refrega;
E o frágil arbusto
Vergando, flexível - do vento aos arrancos
Resiste, sem custo.
Mas logo a nortada, dobrando de força,
Por terra lançava
O roble que às nuvens se erguia e as raízes
No chão profundava.
Jean de La Fontaine
Sei que essa fábula é antigaaa mas não entendi 40% dessa fábula pois não se usa mas essas palavras hoje em dia
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