Vieram as abelhas
Da habitação dos numes;
Fixarem-se as primeiras
Do Himeto sobre os cumes.
Ali se inebriaram
De mimos e opulências,
Que os zéfiros espargem
Naquelas eminências.
Quando do etéreo enxame
À divina morada,
Roubamos a ambrosia
Nas célusas guardada;
Ou, (graduando a frase
Pelo comum nível),
Depois que dos cortiços
Crestamos todo o mel;
Da cera que escapara
À tal depredação,
Fizeram muitas velas,
Círios em profusão.
Um destes, vendo o barro,
Ao fogo endurecido,
Zombar da ação do tempo
Em telha convertido,
Nutrindo igual desejo,
No fogo se meteu,
E, Empédocles moderno,
Foi triste o fado seu.
Como imprudente e louco
O círio discorria!
Não tinha nem tintura
De sã filosofia.
Tudo é diverso em tudo,
Tiremos, pois, da mente
Que sobre o nosso tipo
Se amolde qualquer ente.
Tão louco, como aquele,
Que no vulcão morrera,
Fundiu-se no brazeiro
E Empédocles de cera.
Jean de La Fontaine
0 comentários:
Postar um comentário