De certo pavão na muda
Um gaio as penas tomou,
E a roupagem cambiante
Ao próprio corpo adaptou.
Foi, depois, fazer figura,
Ao pimpar entre os pavões.
Conhecido - ei-lo enxotado,
A bicadas e empuxões.
Foge, entre vala estrondosa,
Corrido, ludibriado:
Leva o corpo em carne viva,
Pelos pavões depenado.
Buscando asilo e refúgio
Entre os gaios, seus iguais,
Foi repelido a assobios
E gargalhadas gerais.
Gaios bípedes conheço
Que não são imaginários;
Usurpam alheias penas
E se chamam plagiários.
Mas, chiton! Não é meu fito
Apontar os impostores!
Entre pavões são notórios
Os gaios usurpadores.
Moral da Estória:
A ambição, o desejo de possuir mais ou melhor, rouba-nos muitas vezes até o que é nosso.
Jean de La Fontaine
0 comentários:
Postar um comentário