José Bento Monteiro Lobato

A 18 de abril de 1882 em Taubaté, estado de São Paulo, nasce o filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusta Monteiro Lobato. Recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato, que por decisão própria modifica mais tarde para José Bento Monteiro Lobato desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J. B. M. L.
Juca era assim chamado - brincava com suas irmãs menores Ester e Judite. Naquele tempo não havia tantos brinquedos; eram toscos, feitos de sabugos de milho, chuchus, mamão verde, etc...
Sua mãe o alfabetizou, teve depois um professor particular e aos sete anos entrou num colégio. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa.
Na Fazenda Santa Maria, de propriedade de sua família, brincava e imaginava aventuras observando a natureza. Na casa do avô, o Visconde de Tremembé, deslumbrava-se com a biblioteca, uma sala encantada, de onde só saía à força.
Essa época de sua vida inspirou vários personagens, entre eles Tia Nastácia. A personagem foi baseada nas negras velhas sabidas, especialmente uma chamada Espéria, que era ex-escrava de seu avô. Espéria era "um dicionário de histórias folclóricas".
Em dezembro de 1896, presta exames em São Paulo, das matérias estudadas em Taubaté. Aos 15 anos perde seu pai, vítima de congestão pulmonar e aos 16 anos sua mãe.
No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas-Artes.
É anticonvencional por excelência, diz sempre o que pensa, agrade ou não. Defende a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que sejam as conseqüências.
Em 1904 diploma-se Bacharel em Direito, em maio de 1907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza da Natividade (Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute. Vive no interior, nas cidades pequenas sempre escrevendo para jornais e revistas, Tribuna de Santos, Gazeta de Notícias do Rio e Fon-Fon para onde também manda caricaturas e desenhos.
Em 1911, morre seu avô, o Visconde de Tremembé, e dele herda a fazenda de Buquira, passando de promotor a fazendeiro.
A geada, as dificuldades, levam-no a vender a fazenda em 1917 e a transferir-se para São Paulo. Mas na fazenda escreveu Jeca Tatu, símbolo nacional.
Compra a Revista Brasil e começa a editar seus livros para adultos. Urupês inicia a fila, em 1918.
surge a primeira editora nacional Monteiro Lobato & Cia, que se liquidou transformando-se depois em Companhia Editora Nacional sem sua participação. <br>
Antes de Lobato os livros no Brasil eram impressos em Portugal; com ele inicia-se o movimento editorial brasileiro.
Lobato era considerado especialista em sacis. Em 1918, publicou no jornal O Estado de S. Paulo uma pesquisa de opinião sobre essa figura folclórica, pedindo aos leitores que escrevessem contando suas experiências com o saci-pererê. Recebeu centenas de cartas, principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com os mais variados e curiosos depoimentos de gente que jurava ter tido contato direto com o negrinho travesso. Alguns diziam que o saci tinha o tamanho de um menino de 11 anos; outros; que era banguela, tinha rabo, barba de bode e unhas de tamanduá. Isso serviu de base para o lançamento do livro O Saci-Pererê, uma história inteiramente folclórica, na qual o garoto Pedrinho cisma em apanhar um saci. Com a ajuda de Tio Barnabé, um negro de 80 anos, que conhece tudo sobre o assunto, consegue capturar um, tirando-lhe a carapuça e prendendo-o numa garrafa. Aprende então tudo sobre o assunto, pois o Saci o leva para o lugar onde mora a sacizada, num dos pontos mais escondidos da floresta.
O escritor se queixava constantemente da ausência de fábulas nacionais; por isso, resolveu criá-las. Foi considerado, ainda em vida, o Andersen brasileiro. Um de seus livros - Histórias de Tia Nastácia - traz vários contos bem brasileiros, entre eles "O Cágado na Festa do Céu", "A Onça e o Coelho", "A Cumbuca de Ouro", "O Jabuti e a Caipora" e "O Veado e o Sapo". <br>
Tia Nastácia - cozinheira do sítio que prepara quitutes deliciosos como mandioca frita, polenta, pamonha, bolo de fubá e quindim - conhece tudo sobre folclore e é a pessoa certa para desvendar ao garoto todos os detalhes sobre o assunto. Em um trecho desse livro, a boneca Emília explica a Pedrinho o significado da palavra "folclore": "Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe por boca, de um contar para o outro, de pais à filhos - os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as bobagens, a sabedoria popular etc e tal".
Em 1931, volta dos Estados Unidos da América do Norte, pregando a redenção do Brasil pela exploração do ferro e do petróleo. Começa a luta que o deixará pobre, doente e desgostoso. Havia interesse oficial em se dizer que no Brasil não havia petróleo. Foi perseguido, preso e criticado porque teimava em dizer que no Brasil havia petróleo e que era preciso explorá-lo para dar ao seu povo um padrão de vida à altura de suas necessidades.
Em 1945, passou a ser editado pela Brasiliense onde publica suas obras completas, reformulando inclusive diversos livros infantis.
Com Narizinho Arrebitado lança o Sítio do Pica-pau Amarelo e seus célebres personagens.
Através de Emília diz tudo o que pensa; na figura do Visconde de Sabugosa critica o sábio que só acredita nos livros já escritos.
Dona Benta é o personagem adulto que aceita a imaginação criadora das crianças, admitindo as novidades que vão modificando o mundo, Tia Nastácia é o adulto sem cultura, que vê no que é desconhecido o mal, o pecado. Narizinho e Pedrinho são as crianças de ontem, hoje e amanhã, abertas a tudo, querendo ser felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem, mas sempre acreditando no futuro. E assim, o Pó de Pirlimpimpim continuará a transportar crianças do mundo inteiro ao Sítio do Pica-pau Amarelo, onde não há horizontes limitados por muros de concreto e de idéias tacanhas.
Ao todo, ele lançou 23 livros que tinham como cenário esse lugar bem brasileiro, com pomar, construções de pau-a-pique, móveis antigos e mastro de São João.
Em 4 de julho de 1948, perde-se esse grande homem, vítima de colapso, na Capital de São Paulo. Mas o que tinha de essencial, seu espírito jovem, sua coragem, está vivo no coração de cada criança.
Viverá sempre, enquanto estiver presente a palavra inconfundível "Emília".

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