Jean de La Fontaine

Jean de La Fontaine nasceu em Château-Thierry a 13 de julho de 1621 e morreu em Paris a 13 de abril de 1695.
De uma importante família da província de onde nasceu, La Fontaine entrou no seminário em 1641, mas logo perdeu o interesse pela carreira religiosa, abandonando-a no ano seguinte.
Em 1647 casou-se com uma jovem de catorze anos, separando-se pouco tempo depois. Foi então para Paris, onde iniciou carreira literária, publicando epigramas e baladas.
Em 1654 traduziu o "Eunuco", do escritor latino Terêncio. Depois desse trabalho, sua primeira obra importante foi um livro de "Contos", surgido em 1664. Na época formou-se o grupo conhecido como "O Quarteto da Rue du Vieux Colombier", do qual faziam parte La Fontaine, Racine, Boileau e Molière.
Entre 1664 e 1674 terminou quase todos os seus contos e fábulas; além disso publicou o romance "Psiquê", o poema "Saint-Malo", a comédia mitológica "Climene", e ainda sonetos, baladas, odes e traduções de versos latinos. Candidato à Academia em 1682, teve sua proposta aceita no ano seguinte.
Sucedeu naquela Instituição ao político e financista Colbert, que sempre fôra seu inimigo. Para comemorar o ingresso na Academia, La Fontaine apresentou aos amigos o primeiro de seus "Discursos a Madame de La Sablière", obra onde fez uma profunda auto-análise.
Em 1692, bastante doente, decidiu aproximar-se novamente da religião, chegando mesmo a pensar em escrever uma obra sobre a fé.
Formulou suas críticas à sociedade utilizando-se de recursos como a sutileza, ironia e astúcia expressas em suas famosas estórias de animais.
Sua obra-prima, Fábulas, foi escrita em três partes, entre 1668-94, e, a exemplo do mestre Esopo, sua fonte de inspiração, mostrava a vaidade, a estupidez e a agressividade humanas sob disfarce animal.
As centenas de estórias de Esopo serviram como base para as fábulas de La Fontaine, que reinventou a  "fábula"  (a partir do modelo latino e oriental oferecido pelos textos do indiano Pilpay), introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental.
No prefácio de sua primeira coletânea das Fábulas  (1668),  La Fontaine torna bem explícita e intenção com que escrevera tais estórias para o pequeno Delfim e para as crianças da corte.
"Sirvo-me de animais para instruir os homens.
[...]
Procuro tornar o vício, ridículo, por não poder atacá-lo com braço de Hércules.
[...]
Algumas vezes oponho, através de uma dupla imagem o vício à virtude, a tolice ao bom senso.
[...]
Uma moral nua provoca o tédio: o conto faz passar o preceito com ele.
Nessa espécie de fingimento, é preciso instruir e agradar pois contar por contar, me parece coisa de pouca monta".
A julgar pelo testemunho de seus contemporâneos, as fábulas de La Fontaine são
verdadeiros textos cifrados que denunciavam misérias, desequilíbrios e injustiças de sua época.  Embora tenha alterado ou enriquecido substancialmente os argumentos e o espírito das fábulas que retomou dos Antigos, ele não tocou no caráter ou na simbologia que seus antecessores atribuíram aos animais.

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