O cisne e o cozinheiro

Num pátio, em que criavam mil plumíferos,
Viviam um cisne e um pato:
O cisne regalava os olhos do amo,
E o palador o pato.
Comensal do jardim um se espaneja,
O outro de o ser da casa.
As cavas transformando em galerias,
Um a par do outro os viras
(Nunca cheia a seu gosto a vontadinha)
Nadando, mergulhando,
Correndo à tona d'água - o cozinheiro,
Que além da marca, um dia,
Os copos empinara, empunha o colo
Cisneo, pelo do pato.
Tocando a degolar, o ia dispondo
Para a sopa - eis que adverte,
E dá no engano: "eu sopas de tal músico?
Ó! Deus mo não permita!
Garganta que tais sons nos dá, não corto!"
Muito val'meiga fala em tantos p'rigos,
Que andam em nosso alcance.

Moral da Estória:
Nunca é demais usarmos expressões meigas e mansas quando o perigo está próximo de nós, poupando-se, por outro lado, o que tem mais valor. 

Jean de La Fontaine

0 comentários:

Postar um comentário