O galo e a raposa II

Era uma vez uma raposa muito esperta.
Um dia, passeando, viu uma capoeira cheia de galinhas. Entrou lá dentro e comeu uma.
Póh, poh poh poh, phóo...
No dia seguinte a raposa construiu junto à capoeira uma casa. E dentro da casa escavou um túnel que ia dar à capoeira. E todas as noites comia uma galinha.
Póh, poh poh poh, phóoo...
Um belo dia o dono das galinhas trouxe um galo, grande e bonito, e meteu-o também na capoeira. Mas como o galo não gostava dos poleiros, vôou para cima de uma árvore, e assim escapou à raposa, que por mais que tentasse não conseguia apanhá-lo.
Có, có-có-ri-có, có...
Desesperada, a raposa começou a pensar como é que podia apanhar o galo, que era bastante maior que as galinhas e mais tenrinho e saboroso. Inventou então uma história, que lhe teria sido contada pelo dono da quinta, e que era assim:
"A partir de agora todos os animais tinham que ser amigos entre si, e nenhum podia comer o outro."
Póh, poh poh poh, phóoo...
E a raposa começou a cantar:
- Hoje é um dia muito feliz! Hoje é um dia muito feliz! Hoje é um dia muito feliz!
O galo pensou que a raposa estava maluca, e perguntou-lhe:
- Porque estás tão alegre?
E a raposa:
- Porque a partir de hoje todos os animais têm que ser amigos uns dos outros. Desce, meu amigo galo, que eu quero dar-te um abraço e um beijinho.
O galo, desconfiando do que ela lhe dizia e para a pôr à prova, gritou-lhe:
- Ainda bem que assim é, pois vem aí a matilha dos ferozes cães da quinta!
A raposa, cheia de medo e já correndo, disse-lhe:
- Adeus, já me estava mesmo a ir embora.
E metendo o rabo entre as pernas fugiu a bom fugir, nunca mais sendo vista por aquelas paragens.
E o galo pensou:
"Tão esperta, tão esperta, mas não me enganou!"
E a paz voltou a reinar naquela capoeira.
Póh, poh poh poh, phóoo...
Có, có-có-ri-có, có.... 

Esopo

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